Tarifas entre Europa e EUA: o que muda no setor automóvel?

Tarifas entre Europa e EUA: o que muda no setor automóvel?

O recente acordo comercial entre a União Europeia e os Estados Unidos, assinado a 27 de julho de 2025, trouxe alívio, mas não a resolução total das tensões tarifárias que ameaçavam o setor automóvel. A tarifa automóvel que anteriormente se situava nos 27,5% foi reduzida para 15%, evitando uma escalada protecionista, mas mantendo custos significativos para os fabricantes europeus.

A medida surge num contexto já desafiante para a indústria automóvel, pressionada pela eletrificação, digitalização e transição ecológica. A imposição desta tarifa de base afeta diretamente as marcas europeias que exportam para os EUA, como a Volkswagen, BMW, Mercedes-Benz ou Audi, com previsões de perdas anuais na ordem dos milhares de milhões de euros. A cotação destas marcas sofreu quedas entre 1% e 3% logo após o anúncio do acordo, refletindo a perceção do mercado de que se tratou de um compromisso insuficiente.

Para empresas que não possuem fábricas nos EUA, como a Audi, a competitividade sai especialmente prejudicada. Já as marcas que produzem localmente conseguem contornar parte do impacto tarifário, usando a capacidade instalada no território americano. Mesmo assim, analistas apontam para margens operacionais reduzidas em 10 a 15% face a 2024.

Ainda assim, o acordo oferece um ganho relevante: estabilidade. Ao reduzir a incerteza sobre os custos de exportação e a logística transatlântica, permite aos fabricantes, distribuidores e retalhistas europeus uma maior previsibilidade nas encomendas, estratégias de stock e formação de preços.


E como é que as tarifas afetam Portugal?

No caso português, apesar de não sermos um país exportador de automóveis à escala, o impacto faz-se sentir indiretamente. A maioria dos veículos vendidos em Portugal são importados, e muitos deles dependem de tecnologias ou componentes transatlânticos. Com tarifas ainda elevadas, os custos de produção mantêm-se altos, o que poderá refletir-se em preços mais elevados para o consumidor final, sobretudo em modelos premium, elétricos ou híbridos plug-in.

Para empresas como a Benecar, este novo cenário permite ajustar com maior rigor a política comercial, preparar melhor os inventários e avaliar a disponibilidade de modelos com base numa realidade mais previsível. Contudo, a pressão sobre os preços continua, e os consumidores portugueses poderão notar essa diferença, especialmente em viaturas com maior incorporação tecnológica.

No fim, este acordo representa uma solução parcial: impede o agravamento, mas não elimina os obstáculos. O setor automóvel continua a navegar num ambiente complexo, onde as decisões políticas influenciam diretamente os preços, a inovação e a competitividade.

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